Poderia ter continuado a voar, mas aquela voz me encantou.
Um ser que não possuía asas, com os cabelos claros. Podia ver o medo que ele
sentia naqueles olhos verdes. Acho que tive medo de chegar ao ponto de não ter
medo nenhum. A flor que segurava o meu cabelo desceu fio a fio, até que ele
veio a pediu pra ajeita-la. Nós caminhamos pela floresta, até que me perdi
naquele olhar. Acho que ele levou meu coração quando o sol se foi.
Todos os dias, naquela mesma hora eu estava lá. Esperando o
meu anjo sem asas. E todas as tardes se tornavam inesquecíveis, até a lua
chegar e aquela saudade me sufocar, até que eu implorasse para que o tempo
voltasse, ou ao menos se adiantasse.
Conheça a minha vila... Acho que ele nunca tinha visto
tantos seres alados, fomos sempre instruídos a temer os humanos, mas acho que
confiava nele. Acho até que o amava. Meu erro!!!
Conheça minha cidade... Acho que eles nunca tinham visto um
ser alado, me aprisionaram em um lugar. Acho que o desespero de ver aquela água
entrando nem se comparava a dor e a raiva de ter o coração partido. Me vi
morrer e até que escutei uma janela se quebrar.
Acho que se não fosse por aquele alguém que enfrentou todos
daquela vila eu não poderia contar história nenhuma, muito menos essa, a água
invadiria o meu corpo e ninguém ouviria a minha agonia.
Não confie em todos, muitos apenas se encantam com o que não
tem, ao ponto de fazerem tudo para que a falta de felicidade deles seja compensada
com a destruição da tua.
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