sexta-feira, 20 de maio de 2016

Prescrição

No silêncio das estrelas eu vi que estava mais só do que eu pensava, um tanto assustador, mas ao mesmo tempo, libertador.
  Incrível como nossa visão das coisas muda depois de 5 minutos de paz daquele dia ruim, quando paramos, fechamos os olhos tão fadigados, esgotados e cheios de lágrimas, não de tristeza, mas de algo pior, um cansaço imenso que parece ser incurável, junto com uma leve sensação de vazio, e ouvimos uma música.
Uma, duas, três, a lista de reprodução inteira, um turbilhão de pensamentos e constelações no escuro das pálpebras, e então percebemos que aquilo era tudo o que precisávamos, estar só estando sozinho, e não estar só acompanhado dos outros.
  Pode parecer estranho, mas é como se a vida acontecesse durante aqueles 4 minutos e 14 segundos, durante aquela oração que você faz bem baixinho, nem sabendo o que falar, porque nada aconteceu e você se sente estranho, e aí nada continua acontecendo e você começa a se perder, como se de alguma forma, tudo estivesse mudando de maneira invisível, inaudível mas não imperceptível.
  Os amigos se tornam estranhos, e você se sente o mesmo, a vida parece não ser sua e você se sente o mesmo, os seus desejos são os mesmos, talvez você ainda seja o mesmo, talvez tudo isso seja efeito daquele velho remédio: o tempo.
Ninguém disse que ele só curava.

Letícia Level

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