Era um dia comum. Sai de casa apressada, fiz tudo que tinha de fazer, tudo que sempre faço. Tudo do mesmo jeito todo dia. Mas essa noite será diferente, vou encontrar quem sempre procurei, nós combinamos de ver as estrelas no topo do prédio mais alto da cidade.
Quando cheguei, na hora marcada, ele estava lá, com aquele mesmo sorriso, com aquele mesmo olhar vazio. Eu bebi alguma coisa que ele me deu. Fomos para o parapeito, vimos as luzes das estrelas como o prometido. Também vimos as luzes da cidade. Vimos que não tinha luz em nós.
Ele me tomou o copo. Me abraçou e me envolveu no próprio frio. Me beijou, me fez voar, pegou a garrafa de bebida, arrumou a camisa, me olhou pela última vez e foi embora.
Eu realmente deveria ter tirado um pouco mais de tempo para mim naquela manhã, meu cabelo estava horrível, eu não tinha nenhum batom na minha boca rachada do frio do escritório, mas aqueles policiais continuavam a tirar foto do meu corpo sem vida naquela calçada tão gelada quanto aquele abraço.
Talvez fosse isso que estive sempre procurando, um bom motivo para a solidão. Um bom motivo para fechar os olhos pela última vez e nunca mais ver a minha vida sem motivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário